O dia: sábado, 18 de setembro de 2011. A hora: 14h. O local: Shopping Iguatemi, em Porto Alegre. Lá estava eu com bloco, caneta, gravador, câmera digital e uma carga bem grande de vontade para fazer jornalismo e ultrapassar fronteiras.
Voltando um pouco no tempo, em pensamento, lembrei da segunda aula, em que o nosso professor – e editor chefe - Demétrio Soster dizia: “Gurizada, é preciso ampliar horizontes, ultrapassar fronteiras, ir além. Além da sala de aula, além dos portões da Unisc, e, se a ousadia permitir, além de Santa Cruz do Sul".
E lá estava eu, a 167 km de casa, tentando em primeiro lugar descobrir onde se localizava a Administração do estabelecimento comercial ou o setor responsável pela segurança. Era meu primeiro desafio: descobrir por que não obtive resposta de nada menos que quatro tentativas de contato via e-mail. Uma senhora muito simpática, funcionária da limpeza, gentilmente me mostrou o caminho até o elevador que me levou ao terceiro andar.
A porta abriu e milimetricamente a frente havia uma porta grande de vidro e uma plaquinha com o seguinte dizer: “Departamento de Segurança”. Entrei e fui recebido gentilmente por um senhor ao qual expliquei minha intenção. De nada adiantou, fui informado que teria que explicar tudo de novo para outra senhora. Aguardei. Esclareci novamente minha intenção. Nesse momento senti a hostilidade ao ser informado que teria de explicar tudo de novo a uma terceira pessoa. Aguardei.
Surge no corredor um rapaz de uniforme - camisa branca, gravata preta, calça preta e botina -, com um ponto eletrônico no ouvido e rádio para comunicação pendurado no braço. Expliquei tudo de novo, pois esse era o encarregado do departamento. Pensei que fosse a solução dos meus problemas, pois ele foi bastante gentil, até me convidou para sentar. O problema de explicar algo para alguém que vai “antecipar o assunto” ao seu superior é que talvez a informação chegasse desencontrada e este já me receberia com uma idéia pré-formada do que eu realmente queria. E foi absolutamente isso que aconteceu.
Até ouvi quando a senhora repetiu umas duas vezes um “não sei o que lá” que ela não saberia explicar direito. Ao terminar de me ouvir (e acho que ouviu direitinho) ele fez aquela cara de quem ia dizer um não. E disse. Só que ele começou usando a palavra “infelizmente”. Porém, a esperança não morreria por ali. Ainda teria um superior a este rapaz que me receberia dentro de algumas horas caso eu aguardasse ou voltasse depois. Aguardei. Para encurtar o relato, ouvi a seguinte explicação:
“O setor de CTV é o mais sigiloso, o mais seguro, absolutamente ninguém de fora do setor entra lá, até mesmo o sigilo sobre quem trabalha monitorando as câmeras é grande”. Entendi que, naquele momento, o impedimento era maior do que minha vontade, maior do que a ousadia de ir além.
A frustração bateu ao perceber que não haveria argumento suficiente, pois expliquei detalhadamente a intenção do meu trabalho. É bastante triste ver-se às margens da desistência, ver-se vencido pelo tamanho sigilo da profissão invisível a qual eu escolhi para mostrar aos leitores. Agradeci, pedi desculpa pelo infortúnio, e corri para o aeroporto, fui bem recebido, mas apenas no balcão de informações onde recebi um papel medindo 5 x 7 cm com nome e telefone dos responsáveis pelo setor ao qual me referi. O setor de comunicação do Aeroporto Internacional Salgado Filho. E, acreditem: o que vem por aí, senhores passageiros, é de apertar o cinto e fazer uma boa viagem enquanto leem as páginas do Unicom.
rapaz, deixa eu te dizer: só este relato já rende um caldo! manda ver, garoto!
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