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Lançamento do Unicom Conflitos reúne profissionais para debate com alunos

A nova edição do Jornal Unicom, produzida em cima do tema “Conflitos que transformam”, teve o lançamento oficial na noite dessa segunda-feira, 27, em um evento onde o assunto central da publicação foi debatido. Mediado pelo professor Demétrio de Azeredo Sóster, o debate iniciou após as 19h30, no auditório do Memorial da Unisc, e teve como convidados à mesa o jornalista Rodrigo Lopes, a psicóloga e socióloga Gabriela Maia e o sociólogo e professor Luiz Augusto Campis. No primeiro momento, os três convidados tiveram a oportunidade de falar sobre conflitos que transformam – para o bem ou para o mal – a partir das perspectivas profissionais e pessoais de cada um. Quem deu início a essa fase foi Gabriela, que tratou majoritariamente sobre questões de gênero e a violência acerca disso. Dando sequência, com uma perspectiva mais sociológica, Campis falou sobre a Teoria do Conflito Social, de Karl Marx, relacionando-a com a realidade. Para finalizar, Lopes fez uma breve apresentação so

Um passo em falso

*Julianne Barragan Wagner

O ano é 1996. Soldados angolanos recepcionam os visitantes brasileiros que acabam de desembarcar em Kuito, na Angola. Entre apresentações e cumprimentos, um dos brasileiros corre em busca de seu maior objetivo no momento: urinar. O local escolhido para a higiene pessoal se mostra inapropriado quando Humberto Trezzi repara no cartaz, que avisa: “Perigo. Minas”. Desde então, Trezzi aprendeu que repórteres em área de risco nunca devem pisar em lugares desconhecidos.

A situação, embora quase termine de forma trágica, é retratada com uma pitada de humor por Trezzi no seu Em Terreno Minado (Geração Editorial, 2013). Dividida em quatro partes, a obra de 343 páginas pode ser comparada a um livro de história – aqueles do Ensino Médio que buscam ensinar o estopim e as consequências de uma guerra – a uma aventura bairrista, com direito a uma aparição de Ronaldinho Gaúcho para livrar o personagem principal de uma encrenca, e a um drama sobre pessoas que sabem se defender de tiros, mas, nada conseguem fazer contra a força da natureza.




Com jogo de cintura e boas fontes, Trezzi guia os leitores pelo caminho tortuoso dos conflitos, das catástrofes, rebeliões políticas e do crime organizado. O trajeto por áreas de conflito quase custou a vida do jornalista. Para os leitores, a visita aos bastidores dos desmoronamentos de 2008 em Santa Catarina, por exemplo, vai custar pouco mais de R$ 30,00. Cada nova situação desperta o espírito competitivo e também compassivo do leitor, que acaba se transformando em personagem na medida em que percebe Trezzi intrigado com questões semelhantes.

O livro é uma abordagem mais pessoal e estendida das reportagens feitas por Trezzi para o jornal Zero Hora. A obra se torna o destino de casos curiosos e fotos impactantes que acabaram não sendo aproveitadas pelo jornalista nas matérias em razão da linha editorial do veículo. Em Terreno Minado é uma boa pedida para quem gosta de precisão, pois, o jornalista não esconde o que pensa sobre repórteres que abusam do sentimentalismo.

Em meio a bombas e correria, quem diria, pausa para a oração. Através de Trezzi somos informados ou lembrados de que os muçulmanos têm o ritual de orar no mínimo quatro vezes ao dia. E a regra vale também para momentos de tensão, como quando conterrâneos duelam por ideais distintos. Trezzi se mostra observador, e ao mesmo tempo compreensível, quanto às tradições do outro, o diferente. Variados trechos do livro são dedicados às diferenças étnicas mais gritantes.

Trezzi peca quando opta por contar a maioria das histórias em ordem decrescente dos fatos. Apesar de a escolha dar mais ação aos textos, o leitor corre o risco de não conseguir conectar os diferentes fragmentos que, juntos, constroem a história. Em Terreno Minado é indicado a consagrados correspondentes de guerra, a futuros correspondentes, a aventureiros, a estudantes, a professores. Enfim, a pessoas.

*Acadêmica do 7º semestre do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

                                                 Na foto de Caroline Fagundes, Trezzi autografa os livros dos alunos
                                                 de Técnicas de Reportagem, em abril de 2014


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